segunda-feira, outubro 16, 2006

A lógica que move os pais...

Transcrevo para aqui um artigo da jornalista Mafalda Belmonte, que por sua vez foi escrito por um Pai, em reflexões sobre o que um suposto “MAU PAI” faz pelo BEM de um filho.

“Ontem, através de meu filho mais novo, veio parar-me às mãos um texto distribuído às crianças do ATL que ele frequenta. Confesso que costumo ler os diversos papéis que me mandam das diversas escolas dos meus filhos, na diagonal, mas, curiosamente, a este lio-o de fio a pavio. Como não vinha assinado, não tenho maneira de pedir autorização ao autor para o publicar, mas parece-me que o que importa a quem o escreveu é que chegue ao maior número de pais possível.

Vale a pena lê-lo:

Deus abençoe os pais maus!

Um dia quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motiva um pai, eu hei-de dizer-lhes:

  • Amei-vos o suficiente para ter insistido para que juntassem o vosso dinheiro e comprassem uma bicicleta, mesmo que eu tivesse possibilidade de a comprar.
  • Amei-vos o suficiente para ter ficado me pé junto de vós, duas horas, enquanto limpavam o vosso quarto – trabalho que eu teria realizado em quinze minutos.
  • Amei-vos o suficiente para vos obrigar a pagar a pastilha que “tiraram” da mercearia e dizer ao dono: eu roubei isto ontem e hoje queria pagar.
  • Amei-vos o suficiente para ter ficado em silêncio, para vos deixar descobrir que o vosso amigo não era boa companhia.
  • Amei-vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das vossas acções, mesmo quando as penalizações eram tão duras que me partiam o coração.
  • Amei-vos o suficiente para vos ter perguntado: onde vão, com quem vão e a que horas regressam a casa.
  • Amei-vos o suficiente para vos deixar ver fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos.

Mas acima de tudo, eu amei-vos o suficiente para vos dizer NÃO, quando sabia que me iam odiar por isso.

Estou contente. Venci, porque no final vocês também venceram. E qualquer dia, quando os vossos filhos forem suficientemente crescidos para entenderem a lógica que motiva os pais, vocês irão dizer-lhes, quando eles vos perguntarem, se os vossos pais eram maus, que sim, que eram os piores pais do mundo! (…)

(…)Por causa dos nossos pais, nós perdemos experiências fundamentais da adolescência: nenhum de nós esteve alguma vez envolvido em actos de vandalismo, em roubos, violação de propriedade, nem foi preso por algum crime.

Agora que já saímos de casa, somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos “maus pais” tal como os nossos pais o foram.

Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: não há suficientes “maus pais”.

Subscrevo inteiramente,

António Cunha